Coloque na balança: o que você prefere dar para o seu filho? No lado direito, pese
aquilo que o dinheiro pode comprar: as melhores escolas, cursos de idiomas,
roupas caras... No lado esquerdo, não por acaso, o do coração, deposite atenção,
cuidado e amor. O equilíbrio seria o melhor dos mundos, certo? Sim, o problema é
que para proporcionar tudo o que está do lado direito, muitos pais tem aberto mão
do esquerdo. Dedicam tempo demais ao trabalho, em vez de ficar em casa junto
dos filhos.
É uma inversão de valores, principalmente quando pesquisas comprovam que o
mais importante para o desenvolvimento de uma criança, nos primeiros anos de
vida, é grátis. E melhor: os benefícios duram por toda a vida e estão ao alcance de
qualquer pessoa.
Uma relação de qualidade com um adulto atento e afetuoso é capaz de
desenvolver características muito positivas para qualquer ser humano:
persistência, autocontrole, curiosidade, escrúpulos, determinação e autoconfiança.
Potencialidades que podem fazer a diferença na vida escolar da criança.
A troca de carinho pode começar com o bebê ainda na barriga. Tem quem defenda
a conversa ou mesmo a apresentação de músicas para a criança antes mesmo do
nascimento dela. Mas, basta a intenção de acariciar. Massageie a barriga com as
mãos e com o coração. Feche os olhos e concentre-se nas emoções que estão por
vir. Esse é só o início de uma relação de afeto que será construída
constantemente. O quanto antes começar, melhor.
Vínculos fortes dão segurança e ajudam a regular emoções em situações de
estresse. De acordo com um estudo divulgado pela Fundação Maria Cecília Souto
Vidigal, quando os pais apresentam um alto grau de atenção e se conectam
positivamente com as crianças, elas lidam melhor com problemas e situações de
estresse (tumulto, turbulências familiares, instabilidades). Isso tem a ver com os
níveis de cortisol, hormônio ligado ao sistema emocional, que serve para controlar
inflamações, alergias, estresse. Esses momentos têm grande efeito na produção
de cortisol das crianças, mas apenas quando seus responsáveis se mostram
desatentos ou indiferentes. Ou seja, é cientificamente comprovado que cuidados
de qualidade funcionam como uma espécie de amortecedor contra eventuais
impactos causados por adversidades. Eles constituem uma base segura a partir da
qual a criança estará mais preparada para explorar o mundo, se comunicando
melhor e com mais propensão a apresentar comportamentos como empatia e
espírito colaborador.
É claro que todo esse aprendizado vem do exemplo. Não basta um adulto que não
estimule a criança. É preciso que haja uma interação verdadeira, disponibilidade,
paciência e tempo. Se a rotina estiver pesada, uma dica: tente aumentar
gradativamente o tempo de convívio com o seu filho. Cinco minutos diários a mais
por semana. Deixe de lado telas de celular, tablets ou televisão. Em poucas
semanas, vai perceber como a relação de vocês terá se aproximado.
Inexplicavelmente, vai se sentir mais leve, como uma criança. E seu filho,
certamente estará, aos poucos, mais seguro, pronto para conquistar mais
autonomia e crescer.