Aa hora do banho é o momento em que a diferença entre ser criança e já estar
mais crescidinho fica clara. Para os adultos, além do ritual de higiene, o banho
pode ser um momento especial de relaxamento, em que a água quentinha bate no
corpo e lava a alma. Mas, para os pequenos, o banho é muito mais do que isso: é
diversão sem fim.
A espuma do sabão pode ter mil significados, o shampoo ajuda a fazer penteados
engraçados e, daí em diante, a banheira se transforma num palco, o chuveiro em
holofote e o show de faz de conta só termina quando os dedinhos ficam enrugados
ou a água esfria demais. Se você acha que toda essa farra no banho é perda de
tempo, continue lendo esse texto e permita-se mudar de opinião.
“A brincadeira pode ser uma grande aliada na rotina da família”, defende Marilena
Flores, autora do Guia do Brincar, entre outras inúmeras publicações. Antes de
mais nada, como defensora há 40 anos da importância do brincar, ela faz questão
de lembrar que “a brincadeira deve ser sempre liderada pela criança, com mínima
ou nenhuma interferência do adulto e sem que se espere resultados ou com
resultados definidos pelos pequenos. Isto porque é esse comportamento livre que
resulta no desenvolvimento de competências físicas (coordenação motora,
músculos, ossos), emocionais (empatia, auto controle, humor, resiliência,
autoestima), sociais (relacionamentos, aceitação das diferenças, traquejo,
flexibilidade, capacidade de enfrentar riscos e desafios, negociação), intelectuais
(raciocínio lógico, linguagem, trabalhar em grupo, interesse em aprender sempre) e
criativas (solução de problemas, descoberta do significado de suas vidas,
empreendedorismo), explica a fundadora da Associação Brasileira pelo Direito de
Brincar e à Cultura.
Sim, brincar, além de divertido, é um “direito” que está na Constituição Brasileira,
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pelo Marco Legal da Primeira
Infância. Infelizmente, ainda são poucos os adultos que entendem a importância do
brincar na vida dos filhos. Coisa de uma cultura antiga que repetiu por décadas
frases como: “brincar é não fazer nada”, associando a brincadeira à preguiça e
superficialidade.
O direito da criança é um dever das famílias que precisam promover, proteger e
preservar atividades lúdicas que estimulem uma sensação de liberdade ao mesmo
tempo em que estreita laços afetivos e transmitem segurança e confiança. Valorize
a brincadeira. Inclua na rotina da família e acredite que ele fará bem não só para
os filhos, mas para todos! Marilena Flores conclui dizendo que “o brincar é a
maneira pela qual as crianças estruturam o seu tempo e, portanto, as suas vidas”.
E você pode ajudar ela a brincar da forma mais divertida possível.